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Tuesday, January 5, 2010

Fantasia

Era uma vez um mundo de fantasia. Um mundo em que, já de noite, me batias à porta. Um mundo em que, ao abrir a porta, tu entrasses. Era uma vez um mundo em que tu dirias vim ficar uma semana contigo. Só contigo. Um mundo em que nos abraçaríamos e o tempo pararia. Era uma vez um mundo em que os ponteiros do relógio se deteriam durante uma semana. Um mundo em que nada importasse. Um mundo sem obrigações. Um mundo em que nos aninharíamos um no outro. Um mundo em que dormiríamos em concha. Era uma vez um mundo em que a minha cama seria outro mundo. Era uma vez um mundo que duraria uma semana. Era uma vez um mundo de fantasia.

Wednesday, December 23, 2009

Fuga

Quero fugir. Quero ficar. Algo me diz para partir. Algo me diz para permanecer. Encontrei alguém que é mais do que alguma vez poderia esperar. Alguém que é mais do que mereço. Alguém para quem eu nunca serei mais que um ponto de passagem. Sei as regras. Sei como funciona. Aceitei-as. Mas acho que cada dia que passa vai tornar a partida mais difícil. Mais dolorosa. Tenho medo. Tenho medo do abandono. Já fui abandonada uma vez. Não quero mais. Dói demasiado. Preciso erguer barreiras. As linhas de defesa. Ou então... fugir.

Thursday, October 29, 2009

Sono

Quero dormir. Preciso encostar a cabeça à almofada e dormir. Dormir um sono profundo. Sem sobressaltos nem inquietações. Preciso dormir um sono tranquilo. Perder-me nos sonhos coloridos. Sonhar que o dia amanhecerá finalmente. Quero dormir para acordar nesse dia. Nesse dia em que o Mundo voltou a rodar no seu eixo. Quero adormecer. Quero dormir. Quero sonhar. Quero acordar. Quero dormir até ao teu dia chegar. Para nesse dia acordar.

Thursday, September 24, 2009

Imensidão

Era uma vez uma menina. Uma menina cujo coração sofrera já muito. Uma menina que encontrou alguém para quem não estava preparada. Alguém que virou o seu Mundo do avesso. Que a faz sentir coisas de que os outros escrevem. Que a faz sentir como se numa música estivesse. Mas a menina tem um medo imenso. Tem medo de se entregar totalmente. Tem medo de sofrer. A menina sabe que esse alguém irá um dia embora. Para não regressar. E que ela voltará a ficar sozinha. E que o seu coração ficará desfeito. Desta vez sem possibilidade de cura.

Thursday, September 10, 2009

Janela

Da janela do meu quarto vejo outras janelas. Vejo outros quartos. Vejo pessoas, movimentos e luz. Ouço sons. Ouço risos. Ouço choros. Pássaros a chilrear. Da janela do meu quarto vejo mundos parecidos com o meu. Vejo mundos diferentes do meu. Vejo crianças. Vejo cães. Roupa estendida nas cordas. Plantas nas varandas e terraços. Da janela do meu quarto vejo tudo e não vejo nada. A janela do meu quarto permite-me viver outras vidas e amar a vida que tenho.

Saturday, July 25, 2009

Dois

Dois. Apenas dois. Dois seres. Dois objectos patéticos. Cursos paralelos. Frente a frente. Sempre. A olharem-se. A pensar talvez Paralelos que se encontram no infinito. No entanto sós. Por enquanto. Eternamente dois.

Monday, July 20, 2009

Nunca te direi que...

... és o meu Sol, a minha Lua, as minhas Estrelas.
... és a minha Estrela Polar, o meu Norte, a minha Rosa-dos-Ventos.
... és o meu Rumo, o meu Azimute, o meu Caminho.
... és o meu Carvalho, o meu Castanheiro, o meu Salgueiro.
... és o meu Livro, a minha Música, o meu Filme.
... és o meu Girassol, a minha Papoila, a minha Margarida.
... és a minha Nuvem, o meu Orvalho, a minha Neve.
... és o meu Evereste, o meu Kilimanjaro, o meu Fuji.
... és o meu Vesúvio, o meu Etna, o meu Stromboli.
... és o meu Diamante, a minha Granada, a minha Esmeralda.
... és o meu Clooney, o meu Ford, o meu Owen.
... és o meu Angel, o meu Allure, o meu Romance.
... és o meu Vermelho, o meu Verde, o meu Arco-Íris.
... és o meu Shakespeare, o meu Cervantes, o meu Scott.
... és a minha Londres, a minha Nova Iorque, a minha Buenos Aires.
... és o meu Comboio, o meu Avião, o meu Submarino.
... és a minha Planície, o meu Planalto, a minha Serra.
... és o meu Oceano, o meu Rio, o meu Lago.
... és o meu Bosque, o meu Prado, a minha Clareira.
... és o meu Zénite, o meu Auge, o meu Apogeu.
... és o meu Brilho, o meu Fulgor, a minha Cintilação.
Nunca te direi que és o meu...

Wednesday, July 15, 2009

Existir

Era uma vez um coração. Um coração pequenino e maltratado. Já tinha passado por muita coisa na vida. Já amara e fora amado. Já amara e fora desprezado. Já pensara que amava novamente. Tanto sofreu que encolheu. Tornou-se cada vez mais pequeno. Queria desaparecer. Para quê continuar a existir se não conseguia amar? Para quê continuar a existir se não conseguia ser amado? Cada dia que passava, mais pequeno o coração se tornava. Triste, sozinho. O desespero apoderou-se de si. Mais tarde o desalento instalou-se. E assim ficou. Quieto, a um cantinho definhava. Um dia viu ao longe um outro coração. Pequenino e maltratado. Chamou-o para junto de si. E hoje estão os dois juntinhos, ainda pequeninos mas mais cheiinhos. Juntos à espera do que o futuro trará.

Monday, July 13, 2009

Guardião

Era uma vez um Anjo. Um Anjo triste. Um Anjo que se encontrava perdido. Sem Rumo. Sem destino. Que durante a sua vida tinha cometido algumas asneiras. Sentia que não era um bom Anjo. Que tinha demasiadas faltas no seu passado. O Anjo acreditava que se delineasse bem um caminho a seguir, poderia ter um futuro mais ou menos definido. Não se permitiria afastar-se desse plano traçado. Um dia, numa das suas paragens para pensar na sua vida, da qual não se orgulhava muito, encontrou uma Andorinha. Uma Andorinha com o coração a sangrar. Que também precisava encontrar um rumo. Que precisava acalmar. Que queria dar um novo início à sua vida. O Anjo tomou a Andorinha nas mãos. Cobriu-a com as suas asas. Tornou-se num Anjo da Guarda.

Friday, July 3, 2009

Ninho

Era uma vez um passarinho. Um passarinho que estava sozinho no ninho. Só, muito só. À sua frente estendia-se uma paisagem bela. Tão bela quanto extensa. E essa extensão assustava-o. O desconhecido assustava-o. Quantas vezes tentou sair do ninho. Quantas vezes desistiu. Havia sempre algo que o puxava para trás. Uma voz que lhe dizia: Não vás! Vais perder-te! Vais acabar mal! E o passarinho tentava esticar as asas, mas não se atrevia a ir até ao fim. E os dias passavam assim. Mas também havia outra voz que lhe dizia: Vai! Tenta! Só arriscando é que poderás saber o que o futuro te reserva. Até que um dia o passarinho sentiu esta voz a falar mais alto. A falar no seu coração. E o passarinho esticou as asas. Até ao fim. E voou.